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Mulheres economistas discutem gênero, trabalho e mobilidade ocupacional
Mulheres economistas discutem gênero, trabalho e mobilidade ocupacional - Corecon/SC

O 23º Congresso Brasileiro de Economia (CBE), que ocorre até esta sexta-feira (18), no CentroSul, em Florianópolis, foi palco de mais uma edição do Fórum das Mulheres Economistas, que desde 2016 vêm ocorrendo nos principais eventos do ano do Sistema Cofecon/Corecons. Neste ano, o debate ocorreu no dia 17 de outubro e foi coordenado pela conselheira Denise Kassama Franco do Amaral, ao lado da coordenadora do Grupo de Trabalho Mulher Economista do Cofecon, Maria Auxiliadora Feitosa.

Primeira a se apresentar, a economista Ana Claudia Arruda, presidente do Conselho Regional de Economia de Pernambuco (Corecon-PE) apresentou um histórico sobre como a mulher foi retratada na história da civilização humana até hoje. Citou frases de diversos autores, como Aristóteles, que diminuem o papel feminino na sociedade. “Em sua obra A Política, afirmou: ‘a coragem do homem revela-se no comando e da mulher na obediência’”, citou a economista. Para a presidente do Corecon-PE, todo o processo de violência contra a mulher em curso no mundo é resultado da construção de uma narrativa antiga.

Já a economista Norma Casseb apresentou o retrato da crise da atividade econômica, com dados de desaceleração econômica a partir de 2013. “Precisamos reverter a crise para um quadro de crescimento. Há cerca de 60 milhões de pessoas fora do mercado formal de trabalho, num país pobre com uma das maiores concentrações de renda do mundo, e isto é muito preocupante e revoltante diante das possibilidades do nosso País”, disse.

Norma apresentou dados referentes à situação das mulheres no mundo: 34% trabalham com contratos temporários de pouca duração (parte explicada pela dupla jornada de trabalho), enquanto que, para o homem, esse percentual cai para 16%, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). “Mulheres que vão para o mercado de trabalho estão longe de atuarem dessa forma por razão de independência feminista. Vão por absoluta necessidade, porque não podem ficar em casa cuidando dos filhos ou desempenhando atividades domésticas. Essas profissionais serão superexploradas, com rendimentos menores, mas trabalham para aumentar a renda familiar”, completou a professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Norma também revelou dados como o de que as mulheres com filhos recebem 35% a menos do que as mulheres sem filhos, e que os homens recebem, em média, 29% a mais que as mulheres, embora as mulheres tenham nível de escolaridade maior.

Cristiane Mancini falou sobre assédio no trabalho, apresentando dados nacionais e internacionais sobre o tema. A economista afirmou que o estado da Bahia apresenta o maior número de casos de assédio por ano, no País. Ao todo, são registrados 27.782 casos por ano, sendo 232 de assédio sexual. “São dados muito alarmantes e preocupantes”.

Outro número apresentado por Cristiane é de que, no Brasil, apenas 13% dos cargos de CEO são ocupados por mulheres, o que refere-se a diretoras, vice-presidentes e membros de conselhos. “Mesmo que 40% da força de trabalho seja feminina, apenas 13% estão em cargos de relevância. Essas mulheres que ocupam posições de destaque certamente tiveram que passar por alguma situação de assédio”, lamentou a economista. Cristiane também chamou a atenção para o fato de que o maior percentual de mulheres que ocupam cargos de CEO encontra-se na área de vendas, em que precisam estar em contato com o cliente o tempo todo, o que aumenta ainda mais as chances de assédio.